Eu sei que os títulos dela são dramáticos, às vezes clichês, às vezes exagerados, mas ela leva uma história de época de modo cativante. O talento descritivo dela é saber contrabalancear a quantidade de informações dadas, liberando apenas as vitais. Além de escolher um momento pontual da história humana, ela utiliza uma série de recursos materiais para colocá-lo no clima da leitura.
O tipo de romance que ela cria é o tipo que me agrada e é aquele que eu também gosto de escrever: ficção com realidade.
Como é essa mistura? Acho que ela é a mais normal. Afinal, ela existe mesmo em toda a literatura. Foi a Danielle Steel que me ensinou, mas Machado de Assis e José de Alencar também fizeram.
Nunca esqueço o momento em que a Hiroko de "Honra Silenciosa" compra um cachecol do catálogo da Sears nos Estados Unidos da Segunda Guerra Mundial ou dos trajes Christian Dior que Kassandra de "O anel de noivado" usa na Alemanha antes de Hitler. Gostaria de poder lembrar de mais referências, mas a memória me falha.
Não sei o quanto associar itens à marca é interessante ou saudável, mas é certo que tudo isso exibe perfeitamente o momento na linha do tempo em que a história acontece bem como em que tipo de situação se dá, trazendo verossimilhança ao texto sem datá-lo inescapavelmente.
E para quem realmente gosta de se conectar à objetos e lugares, a história se torna prazerosa. Eu não sou materialista, porém me agrado em brincar com meus personagens dando a eles tudo o que podem dentro do nosso mundo. Isso acontece principalmente ao falar de carros. Porque a nossa imaginação começa a ficar mais solidificada.
Também quando se trata de moda, minhas histórias são datadas de acordo.
Na minha fic mais recente, não faltam referências a nomes de grifes e modelagens que expressam exatamente quão contemporâneo é a ação acompanhada.
Estava pensando em fazer uma relação dos detalhes, mas acabei decidindo que é dispensável.
O que você acha de injetar realidade na ficção? É assim também no cinema, na novela, no seriado...
Mas na literatura há espaço para isso?
Um comentário:
Isso de colocar marcas, pessoas e acontecimentos do mundo real nos livros de ficção contemporânea me lembra dos livros da Meg Cabot. A Princesa Mia nunca cansa de falar dos escândalos da Britney, dos seus vestidos da Chanel que a Grandmère sempre a obriga a usar, das pessoas reais (como o Sean Penn, o Barack Obama e a Angelina Jolie) que ela conhece nas festas e como ela adora os jeans Levi's do Michael. Isso sem falar do miathermopolis.com, o blog que a Mia tem (de verdade mesmo), onde ela contou como foi ir ao casamento real do Príncipe William e da Kate, junto com o Michael!
E a Susie, tão estilosa em "A Mediadora" sempre falando de marcas e de estilos de roupa, isso sem falar dos carros.
Eu acho que é bom para ajudar a fixar a história no mundo, como se ela fosse real. E também deixa mais fácil de imaginar tudo, até mesmo a personalidade dos personagens talvez...
Fica mais fácil de imaginar que a história aconteceu de verdade, mesmo que não tenha acontecido.
É triste pensar que a Mia não existe. Porque a Meg fez um trabalho tão ótimo colocando-a no nosso mundo como uma adolescente normal influenciada pelos acontecimentos reais. T~T
Então eu acho que sim, na literatura há mesmo muito espaço para isso. Eu gosto muito do máximo de descrições possível nos livros que leio, porque quando leio, é uma coisa super visual. Tenho os rostos da maioria dos personagens e todos os lugares completamente formados cheios dos mínimos detalhes na minha cabeça, como se eu assistisse um filme.
Mas também gosto que o autor nos deixe um pouco livres para criar o que ele não especificou (até porque os personagens sempre ficam diferentes do que realmente são na minha cabeça, já que eu gosto de deixá-los mais bonitos...).
Deve ser por isso que viajo tanto quando estou lendo, mais até do que o normal... E essas referências ao mundo real, onde eu vivo, parecem me fazer ficar mais próxima da história e dos personagens que amo tanto. *---*
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