terça-feira, 23 de outubro de 2007

Impressões da chuva

A chuva enfim veio nos visitar. É bom como o dia fica leve com a presença dela, sempre cinza e diáfano... Tudo no céu são ondas vaporosas de cinza e branco, e quando se enfurece, as nuvens tomam volume, ficam negras e ameaçadoras.
Ontem tomei a primeira chuva que veio, no fim da tarde. Fazia tanto tempo que não me acontecia isso! Sensação que não sei explicar. Isso porque a chuva não era tempestade, mas era daqueles pingos gelados e freqüentes que acertam sua pele sem que notarmos até estarmos completamente molhados, mas não encharcados.
É dessa chuva que eu gosto mais. Expressa sensibilidade e paz. Tudo fica sereno e quieto, tudo parece repousar não sei porque motivo. A natureza bebe com discreto prazer aquilo que a revitaliza. Ela também fica calada.
Embora as tempestades nos eletrizem junto das nuvens carregadas, elas causam espanto, e não tranqüilidade. Poder observá-las é um privilégio, são incomuns e espetaculosas. Mas a chuva fina quase garoa sorri enquanto o céu chora. Vem feliz molhar sua testa e te assustar coma surpresa do pingo generoso que te acertou, gelado.
A menina vem, atravessa a rua, duas sombrinhas nas mãos, mas ela prefere caminhar na chuva, apressada, não sei para onde vai, tão nova e de expressão tão fechada. O vento bate em nós.
O senhor corre, descendo a rua, desprotegido, mas com um sorriso alegre comenta: "que chuvinha gelada!" ao passar por mim, também sem guarda-chuva.
O menininho se esforça em se esconder dentro de uma arvorezinha mal-crescida, mal-podada enquanto a mãe grita para ele seguí-la e não ficar lá, entre as folhas.
As cores ficam mais vivas quando dispostas sob o fundo cinza. Nada como o contraste vermelho num dia de chuva. Um carro vermelho que passa fazendo espalhar a água dos pavimentos cinzas da rua. Garotos em uniformes de vermelho vivo, de futebol, fazendo aquecimento entre a chuva quedante, sem hesitar. Um guarda-chuva vermelho que passeia ocultando o rosto do dono. As luzes dos faróis são baças e tem uma pitada de encanto, como se houvesse algo de especial sobre simples lâmpadas encaixadas nos carros.

E depois que passa, dificilmente voltamos a lembrar de tudo o que a chuva, imperceptivelmente, imprimiu em nossa mente. Ela é velha conhecida nossa...

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Faca na Caveira

Quando assisto a um filme não ajo como se olhasse apenas para algo simplesmente passando diante de meus olhos, mas leio e me envolvo como se fosse um livro que estivesse imaginando as ações e me aventuro a prever muitas das reações. Assim como um livro pode ser o meio de transporte para viajarmos para algum lugar, os filmes nos levam até realidades completamente diferentes.

Como todo mundo está falando dele, vou falar também.

O que senti ao assistir "Tropa de Elite", desta forma, foram os tremores que cada uma das partes passou e experimentou no decorrer do drama do filme, este apelando muito mais à mente do que as brutais cenas de violência. Nenhuma das atitudes dos personagens é realmente algo para se admirar, e a missão do filme aparenta ser documentar uma realidade que soa fictícia, mas não é.

A abordagem do filme é interessante com a objetiva da câmera fazendo de você um observador presente em cada cena e as imagens são de uma película estranha que parece de novela, e ao mesmo tempo, de reportagem. Tudo é exagerado para pender, não para o lado da idealização hollywoodiana, mas para a verdade muito mais crua e nua do que se espera. Não há panos quentes.

O filme segue baseado em um looping na história, que começa do meio e então retorna para contar tudo o que aconteceu desde o início. Existem também algumas repetições de imagens e cenas que não passam de flashes, mantendo o compasso do roteiro dinâmico e acelerado, a ponto se poder se sentir que nenhum minuto da fita foi desperdiçado com alguma cena fora de questão. A narrativa não-linear cativa e ajuda o ritmo tenso do filme se prolongar ainda mais com a ajuda da narração irredutível e rude do Capitão Nascimento.

E por falar nele, é preciso lembrar-se da forma com que Wagner Moura deu vida ao personagem pivô da história. Não conheço o trabalho dele porque não assisto novelas e não acompanhei a série sobre o JK, mas me sinto em posição de julgar como respeitável sua atuação. O Capitão Nascimento vive dois climas: um de irracional fúria ardente e outro de uma culpa dilacerante que ele sente ser seu único inimigo, ele soa frio e quente praticamente durante todo o filme, mantendo a voz forte, alta e imperativa e o vocábulo de baixo calão e desrespeitoso que se espera de um capitão de coração frio de uma tropa que não tem objetivos de paz.

A atuação de André Ramiro e Caio Junqueira de dois os aspirantes, Matias e Neto respectivamente, se aproxima de convencer, mas diverte, porque há um descabido lado bem-humorado no filme. Desde o início eleitos como os únicos capazes de sucederem o Capitão Nascimento na Tropa, os atores tiveram a dura tarefa de incorporar a força de vontade, a expectativa e a firmeza daqueles que se esforçam em alcançar a mosca do alvo através da passagem por desafios de dificuldade aparentemente insuperável.

Mas as pessoas na história do filme parecem ser o de menos quando comparadas com a ação ocorrente, que provoca uma resposta a ecoar no espírito de cada personagem, e o ciclo de vingança sobre vingança que compõe a guerra do narcotráfico. É como se tudo realmente fosse obra do acaso, como se aquilo pudesse acontecer com qualquer um e repetidas vezes e polícia e criminoso se mesclam e se revezassem no foco principal incapacitando a decisão sobre quem consegue ser mais desumano, embora todos sejam humanos com medos, desejos e defeitos.

O filme é bom? O filme é bom. Mas quem assiste é que decide, porque a polêmica que é levantada atira para todos os lados e não pergunta antes, feito o BOPE.

domingo, 14 de outubro de 2007

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Jumanji

Vamos fantasiar...
Hoje resolvi arrumar uma das partes do meu armário. Tinha bastante coisa esquecida por lá. Entre papéis, caixa de Game Boy, brinquedos antigos e artigos de costura, tinha uma caixa de papelão lá no fundo, esquecida, uma áurea de mistério a circundava.
"Mas o que é isso?" me perguntei, puxando ela para fora. Meio que comecei a ouvir os tambores.
Abri a caixa, e tinha uma outra dentro, dessa vez de madeira. Era um estojo.
Curiosidade aumentando, tudo quieto em volta.
Lá dentro, duas divisórias e na tampa uma folha de papel.
"Xo Dou Qi"
E comecei a ler. Era um jogo.
Numa divisória, o tabuleiro, um pedaço de pano rígido. Na outra, as peças dentro de um saquinho. Dezesseis animais de metal. Aquele sentimento de Jumanji me subiu a garganta, comecei a ler a explicação. Um jogo que parece de damas, com alguns adendos.
O objetivo do jogo é chegar a toca dos animais adversários, no outro extremo do tabuleiro. Cada animal tem um valor.
E o jogo é tão bonito que não resisti e tirei umas fotos dele, depois da arrumação.
Meu irmão, lógico, ficou mais encantado do que eu e foi meu parceiro para teste.
É bem divertido e simples, mas dá para criar boas estratégias.
As oito peças de cada jogador são o Elefante, Leão, Tigre, Urso, Porco, Macaco, Gato e Rato. A tomada das peças é baseada na pontuação de cada um. O Elefante vale 8, o Leão 7 e assim sucessivamente. No tabuleiro também tem uma parte de rios que só o Rato atravessa e tem as armadilhas que deixa qualquer animal vulnerável à captura.
Mas o que mais me deixou feliz mesmo foi a surpresa! É nessas que a gente vê como é bom arrumar armário!
Na Wikipédia em Português não tem quase nada sobre esse jogo que eu nunca tinha ouvido falar, mas em Inglês tem bastante coisa, inclusive regras e algumas variações do jogo que possuo.
Ninguém aqui em casa soube dar certeza de quando esse jogo veio parar aqui e da onde veio e por quê... Provavelmente, meu pai ganhou de alguma companhia aérea (Columbia) muito generosa, mas ele não lembra porque. Ficou lá, longos sete anos guardados, no oblivion, esperando a hora que a preguiçosa fosse desencavá-lo num belo feriado ensolarado de primavera, para enfim por ordem na bagunça.
Quando vier me visitar faça questão de conhecer o Xo Dou Qi!

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Melodrama

Eu não sei o que dura para sempre. Só sei da minha obsessão em fazer durar. Aquela vontade de ficar presa ao que me deixa contente.
Entretanto, sinto que estou te perdendo. Um sentimento quase egoísta. Eu sinto, não temo. O abrir mão se aprende com o tempo. Quanto a mim, não vou aprender, vou me acostumar, vou me conformar.
Criança! Em que mundo você quer viver? Você sonha? Com o quê? Queria te ajudar. Será que posso?
Interferências. Tenho de me conter em fazê-las. Não ousar encostar em nada para mudar a vida alheia.
Me deixa te ninar, mesmo que você já seja quase um adulto...
Para mim você é um presente, uma janela para eu ver o tempo passar nos seus olhos.
Como vai ser daqui dez anos? Não quero apenas te sorrir e deixar passar como se nada tivesse acontecido. Não quero te olhar como se tivesse te perdido.
Eu ouço sua voz rouca comigo - souvenir de uma viagem indescritível. Acho que ainda não vi seu sorriso verdadeiro.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Pedido

Me dê sua compreensão, mas que ela não seja sempre permissiva...
Não leve a mal. Repúdio não é uma coisa existente em mim.
Obrigada por me entender, mas não faça isso de forma banal.
Concorda? Fico feliz e contente! Um alívio!
Discorda? Não finja! Explique!
Prefiro que me advirta do que aceite cada erro meu como irrelevante.
Expresse-se.

Sinal


As coisas inanimadas vivem, elas dão sinais.
Azul, Amarela, Vermelha, Branca ou Ausente
- a Lua bem que podia ser um semáforo.



sábado, 6 de outubro de 2007

Sem Título Sem Número

O vazio tem dois sentidos:
Por um lado, é um espaço a ser preenchido. Potencial.
Por outro, é a lembrança de que algo não existe mais. A little pain.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Fones e Pingentes


Passei a pertencer a um grupo que escolhe a trilha sonora do dia-a-dia: usuários de MPTrecos.

Agora tenho um. Não faz nem um mês, mas não desgrudo dele. Nos seus 2Gb cabem quase 300 músicas, muito mais do que eu consigo ouvir. Legal por que eu vivo esquecendo o que tem dentro dele e assim não acho a seleção repetitiva.
E então, parei para notar: mais de 50% das pessoas que vejo na rua estão com fones de ouvidos bem acomodados em suas cabeças. Senhoras ou moças fazendo caminhada, estudantes correndo para escola, mulheres a caminho do trabalho, garotos passeando por aí... todos ouvindo sua música portátil.
Isso com certeza vai gerar uma leva de deficiências auditivas...
Com a queda dos preços e a banalização da tecnologia, ter uma miniatura high tech de walkman e andar com ele para lá e para cá virou fato social.
Vicia! Ter os fones no ouvido acaba se tornando um hábito, afinal, uma boa música distraí nossa mente enquanto fazemos nosso trajetos, seja andando, de bicicleta, de carro ou ônibus, ajuda a esperarmos sem perceber o tempo passar e nos mantém desligado do mundo exterior.
Minha mãe me vê e diz: "Mas já está aí com esses foninhos!" - dá a ar de obsessão para isso.
Bem, mas foi para isso que eu comprei o treco, não foi? Para torná-lo meu companheiro inseparável de aventuras...
Sinceramente, não gosto do earphone, esses pequenos que encaixam na orelha. Machuca muito, além de que o imã fica dentro da orelha, o que eu não acredito ser muito saudável. Prefiro os headphones, que agora só porque tem nome inglês e design modernoso virou coisa chique, de DJ... Eles são confortáveis, apesar de um pouco pesados, e a qualidade do som pode ser muito melhor se for escolhida uma marca confiável. A única coisa não positiva dele é que não dá para dividir o fone com mais alguém.

Agora o que me falta é comprar um pingente, um daqueles de celular, para pendurar no MPTreco. Sei que já tenho vários pingentes, já que são uma obsessão minha. São acessórios que permitem inúmeras possibilidades. Acho-os muito kawaii e divertidos de colecionar! Os mais diferentes são aqueles comprados em evento de anime.
Atualmente, meu celular ostenta um porco roxo que parece cristal adquirido num dos meus estandes favoritos, o J-World, na Anime Friends. Troquei pelo do Keroppi, que tive de aposentar devido à três anos de uso. Mesmo assim, ele é ainda meu favorito, apesar detonado está bem guardadinho, porque o primeiro -com gizo ainda e pom-pom - a gente nunca esquece.
Na penúltima FanMixCon, comprei um da Hello Kitty vestida de coelhinho rosa que muda de roupa, e como custou caro, ficou como apenas item de coleção. O do Doraemon comprei na Nippon porque estava realmente uma pechincha (com o desconto à vista, ele veio de graça) e é tão miudinho... ainda tenho dois de zíper que ganhei. Aqueles de gatos e cachorros que vinham no Elma Chips não são muito funcionais...
Tenho o projeto de confeccionar um. O desenho dele está pronto e parte do material já foi comprada, a única coisa que falta é um gizo. Um simples gizo... Já pensei em comprar uma daquelas coleirinhas de gato para pegar o gizo, mas imagino que iria sair caro demais... Acho que infelizmente terei de substituí-lo por alguma outra coisa...
Andei experimentando meus pingentes no Treco, entretanto ele gritou que queria um exclusivo. Tem que ser alguma coisa que combina, de preferência pequena, para não destoar ou destruir o aparelho que de tão fino parece que pode partir na nossa mão e não fazer volume na hora de eu guardar o Treco no bolso, já que o encaixe para o pingente e a saída do fone ficam em extremidades opostas. Farei uma peregrinação pelas lojas em busca do pingente perfeito assim que o dinheiro chegar.
Alguma sugestão?

Reader