quarta-feira, 27 de junho de 2007

Quem você pensa que é?


Responda rápido!
Eu sempre soube responder essa pergunta, embora a resposta se incremente a cada vez. É interessante ir descobrindo dentro de si novidades e perceber quão maravilhosamente somos complicados.
Essencialmente somos todos humanos, sentimos, queremos, pensamos basicamente o mesmo. Nisso reside a facilidade de compreender os outros, de nos juntar em torno de um ponto de interesse, de rir e chorar juntos. Isso explica as afinidades que temos. E as divergências? Elas vêm do fato que pensamos - somos iguais, mas aprendemos a desenvolver um caráter individual.
E na nossa mente, sem querer, definimos quem somos e como vamos estimular a mente de outras pessoas e por sua vez formar um pouco dela.
Você é: o que você come, o que você lê, o que você ouve, o que você dorme... Diga-me com quem andas, e eu te direi quem é. Somos animais processadores: processamos o que vem de fora, sintetizamos e de algum modo aproveitamos o estímulo. Somos animais criativos: com todas as ferramentas que temos, descobrimos, inventamos e criamos uma infinidade de coisas para nosso uso, nossa satisfação, nossa expressão.
Por sermos tão diferentes, somos iguais. Por sermos tão iguais nos compreendemos.
E ao mesmo tempo, não.
Em algum lugar, nos perdemos, existe um limiar muito tênue que não conseguimos definir, entre o que nos faz sentido e entre o que não é. Ali é onde nos perdemos e não podemos entender, justificar, aceitar a atitude do outro, a vontade do outro.
Cada um tem livre-arbítrio para usar o livre-arbítrio. A consciência de cada um é que dita as regras... De onde vem tudo isso? De dentro, da mente. O que vêm de fora só serve para lapidar.
E então eu me pergunto, porque foi que tudo isso aconteceu? Quando percebi, tinha perdido tanta coisa. E nem podia pedir para saber porquê, não estava no meu direito isso. A vida acontece tantas vezes no mesmo dia... cada um vive a sua, e lá, naquele limiar tênue, um não pode influenciar o outro.
E olhando ao redor, tantos outros perderam também... Perderam o que não se pode recuperar, o que é único... um sentimento. E eu, animal indagador, pensante, olho para o limiar onde não tenho influência, e o instigo, odeio! Ainda queria entender por que tudo teve de ser assim.
Quem você pensa que é?
Eu já não sei bem... mas eu sei quem eu gostaria de ser.
Não que eu não goste de quem eu sou.
Eu sou humana, animal em metaformose - sem casulo, sem lagarta ou borboleta - nunca ficamos prontos, não temos tempo o suficiente para finalizar. A gente se decide... é uma reação em cadeia - uma decisão sempre leva a outra, e de repente estamos em algum lugar que nem passava por nossa mente no começo.
E desse enigma de viver, dessa aventura constante e cotidiana que às vezes nem notamos existente, aprendemos tanto que a ação de ser e estar fica bem além de tudo o que eu escrevi aqui.


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Texto do dia:

"Quer comais, quer bebais, quer façais qualquer coisa,
fazei todas as coisas para a glória de Deus."
- 1 Cor. 10:31

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Come clean

"Viver é desenhar sem borracha"
- Millôr
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Mesmo morrendo de cansaço, de cabelo molhado, sonolenta, resolvi parar um pouco e escrever aqui. Precisava postar algo mais alegre do que o post anterior. :)
Chega essa época, o inverno, hoje sendo o primeiro dia, e a gente começa a perder as cores já meio gastas que duraram três estações e começaram a desbotar no outono. E, ao repensar essa semana, percebi que chegou realmente a hora de se renovar, de se preparar e de hibernar emocionalmente para acordar brilhante para a continuação do ano, que ainda promete muito.
Foi ontem mesmo que eu concluí isso, embora só agora eu tenha entendido.
Tudo depende da atitude, é a mente que faz as coisas serem e não exatamente o que as coisas são. Porque, do contrário, como duas pessoas podem ter opiniões diferentes sobre um mesmo assunto? Tudo é muito mais introspectivo do que sabemos.
Sentada, má-humorada e sem perspectiva para a noite que começava, eu passei a meditar enquanto ouvia meus amigos falar. Eu prestava atenção neles e em mim. Percebi: não adiantava nada manter aquela infelicidade tão grande que acordou comigo todos os dias da semana, o único proveito dela era fazer mal a mim e aos outros. Dependia de mim, eu ia escolher o que queria sentir. Me resolvi. O desânimo é mais díficil de vencer, mas depois que a atitude melhora, ele se sente deslocado e aos poucos se retira.
Deste modo, no pique da renovação, comecei a considerar a necessidade de mudar algumas coisas em mim, nas quais meditara anteriormente e achara prejudiciais... ouvi, também, algumas coisas que me fizeram mal e que me obrigaram a meditar nessa necessidade ainda mais.
Posteriormente, entendi que tinha que lidar com isso, e decidi seguir o curso que tinha perante minha vista, e aceitei meu próprio conselho: ame a si mesmo e se dê valor. E tudo começa a mudar em seguida.
Assim, afirmo outra vez: entendi que chegou a hora de me purificar (*to come clean, como disse Hilary Duff numa de suas melosas e relaxantes baladinhas).
Assim, me sinto repentinamente bem. Depois de um longo dia muito divertido e agitado, passando por alguns momentos internos de tristeza, me vejo com vigor, mesmo que exausta, e capaz de pensar no amanhã com ânimo.
E que dia alegre eu vou viver assim que o sol de sábado levantar. Vou começar acordando cedo, e depois de caminhar tranqüilamente, chegarei até o CEPIN para um curso onde aprenderei a cuidar melhor de mim. E voltando então, estarei alegre para assistir minha reunião religiosa e cultivar minha espiritualidade. E vou falar com os amigos e sorrir para eles com sinceridade, seja pessoalmente, ou via MSN, quando e onde for, e vou ter certeza de que por mim mesma, estou fazendo o possível, e que tudo que eu passar faz parte do meu processo anual do círculo de renovação.

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E o que eu vi hoje?
Bem... no "maravilhoso" Museu do Computador em São Paulo, não tinha quase nada de maravilhoso.
Não fomos muito bem recebidos, não usufruímos da estrutura que pensávamos, mas foi instrutivo! Cada velharia que a gente nem acredita que existiu. E então se entende o avanço da informática e se fascina em pensar que o prof. Bello participou de um cadinho importante de tudo isso! E que legal ver a motivação do Bill Gates e do Steven Jobs, por exemplo! Que gente esforçada, empenhada pelo que quer! Gente de coragem...
As fotos das peças mais interessantes que eu tirei com câmera emprestada vão aparecer por aí, num Picasa perto de você! ;) Depois eu passo o link.

Mas maravilhosa mesmo foi a curtição. Amo excursão! Amo tirar foto! Amo estar com quem eu amo: meus amigos de todo o dia, gente que acompanha o meu reality show sem compromisso - partilha da minha rotina. Faltou gente lá, devo dizer (Nat! T^T),
ainda
faltou amistosidade, mas mesmo assim foi maravilhoso.
Achei também mais motivos para refletir.
Hora do rush, congestionamento ladeando a linha de trem. Gente para todo o lado, subindo, indo e vindo, querendo chegar em casa feliz com a sexta-feira.
Todos eles passando, nós passando. Não existe interação, mesmo que tudo seja novidade e acrescente.
E era lindo olhar uma paisagem feia, mas nova. E era interessante ver a empolgação de outros quanto a isso. E o rastro de luz que seguia o ônibus, unidirecionalidade causada pela rodovia. Mas nem todo mundo vai para o mesmo lugar...
A noite, o silêncio, a amplidão... a estrada continua sem fim, mas a gente chega onde quer e o caminho termina. Cansaço! Tristeza... é hora de se despedir. E a estrada, lá longe, continua sem nós com seu rastro de luz incessante.
Ao mesmo tempo, que opressão! O escuro, a inquietude, tudo tão certo, ritmado e definido na estrada: "só vá por aqui, por aqui, siga em frente, não tem desvio não, siga em frente, siga em frente!" - mas e se eu não quero? Uma hora, eu vou ter de deixar a estrada para parar...
Estrada - metáfora da vida, não é? E não é sobre isso que estou falando? Tem-se as duas faces: liberdade e domínio, e não podemos nos prender a só uma destas. E quando o equilíbrio acaba, chega a hora de renovar.

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Texto do dia:
"Irmãos, tomai por modelo do sofrimento do mal e do exercício da paciência os profetas." - Tia. 5:10

domingo, 17 de junho de 2007

Ela está do seu lado

Não era desse jeito que eu queria inaugurar meu blog, surgido da simples vontade de abrir um. Entretanto, não posso ignorar o que aconteceu hoje, nem deixar de registrar a beleza humana que testemunhei.

Reafirmei em minha mente: ela está ao nosso lado, está cercando, fruto da imperfeição. A morte nos visita de repente, não importa como, mas marca presença.

Hoje, eu recebi uma visita da morte. Ela veio, me tirou de casa e me levou ao cemitério para testemunhar sua proeza, para ver as flores com seu perfume fúnebre e encantador. Eu ainda sinto o cheiro do crisântemo em mim, vejo as cores.

Se você quer conhecer quem você é, vá num enterro, vá a um enterro que tenha um parente seu envolvido, o mais distante que for ou o mais próximo. Veja os que você conhece lamentar e chorar, chore junto. Quem morreu, entretanto, descansou. Quem padece para sempre pelo o que houve são os que vivem. Então todos lembram que vão morrer, todos entendem que aquele que descansou vai fazer falta. A atmosfera silencia no momento do sepultamento. Quem colocava o assunto em dia enquanto esperava assume um ar solene e pesaroso outra vez. Quem chorava, chora ainda mais na despedida.

Quando eu compareço em eventos assim, me sinto perdida. Eu estou lá por respeito, sou uma espectadora. Ver minhas primas chorar me faz pensar em minhas próprias reações no lugar delas. Eu sei que não é fácil. Se a separação é triste mesmo em vida, que dizer de pensar que seu amado está inalcançável? Mas é graças as minhas esperanças que me consolo e tenho forças para pensar: no meu momento, vai ser diferente.

Você já pensou sobre isso? A morte é tão natural quanto viver, é conseqüência direta. Por que se rejeita tanto essa idéia então? Por que não nascemos para morrer, por mais contraditório que essa afirmação pareça. Não é isso que existe dentro de cada um de nós. Enganamos-nos em dizer que aceitamos a morte como qualquer outra coisa. Não foi assim que fomos feitos. É essa a verdade que aprendi, a única que consola.

Assim, nesses eventos lembramos que é importante nos preparar, treinar: quem convive melhor com a idéia da morte, morre melhor. E acho que nada mais tranqüilo do que viver essa situação, seja direta ou indiretamente, com mente serena, segura, do que em desespero. Já basta a dor que tudo causa, não impinjamos mais, tolamente, em esforço vão de lutar contra ela.

E quando o sol se põe, e tudo termina, escreve-se fim no livro daquele que faleceu. Resta aos vivos lidar com isso e continuar escrevendo cada um a sua história.

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Texto do dia:

“Visto que sou, na realidade, apóstolo para as nações, glorifico o meu ministério.” – Rom. 11:13

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