sábado, 19 de fevereiro de 2011

Platonismo


Tenho olhado o espaço em branco onde escrever. Ele está dedicado a você. Não me sinto feliz por isso. Enquanto olho a folha na esperança de descobrir o que traçar, é em você que penso, em tudo que não vivemos. É embaraçosa a admissão de que o que sinto é agridoce.
Eu amo o amor e não mais a coisa amada, assim como aconselharam, como se diz ser amor platônico. E a verdade é que amar o amor é não ter o amor, porque não se possuí o que se ama. Quem ama o amor age como quem se alimenta de luz - não recebe nada, entretanto, sente calor. A luz é o que nos permite ver e ela que dá vida às cores. E o amor? Igualmente.
Se amar é, essencialmente, não ter, desse modo nunca se tem tudo.
E essa é a arte de abdicar-se de seus desejos e sublimar-se. E ainda assim, me contradigo. Porque é impossível sempre ter o nada.
Ninguém quer o nada e dessa forma, ninguém consegue o amor.

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