terça-feira, 17 de julho de 2007

Hanami / Hai-kai partido


Cerejeira rosa
em flor efêmera
beleza perpétua
Tive oportunidade de ver a vida por um novo ângulo. Mania inexplicável de me colocar no lugar e vivenciar com intensidade o que não é meu. Fiquei meditando sobre minhas atitudes no lugar dela. Seria eu tão forte? Guerreira? Decidida? Seria eu tão mulher quanto ela, tão corajosa?
Aprendi muito. Nunca fiquei tão grata. Entendi o que achava incompreensível. Tive a feliz oportunidade de ter tanto, ganhei tanto com o que achei ter sido vão! De repente, o querer e não possuir se tornou supérfluo: não, eu não vivo isso. Meus problemas empalideceram - eu não tenho nenhum.
E vi que o amor tem muitas formas. Vi que amar não é viver o amor, mas senti-lo. E quem é que não ama? Isso, com certeza, nasceu com cada um de nós, não me importa o que os especialistas digam. E isso nos alimenta. É pelo amor que estou viva agora, que existo, e também é porque amo.
Percebi que muitas vezes, a água é mais intensa que o fogo, vai mais longe que qualquer chama através de sua fluidez versátil. Ser gentil e humilde traz recompensas que nada mais produz. Se revoltar contra o imutável não leva à nada, a não ser à dor, mas ter autodomínio te faz suave e brando de modo que por mais que se morra interiormente, torna-se resistente, engrandecendo o espírito.
Me encontrei apreciando memórias alheias, numa noite de segunda-feira.
O hai-kai partido ainda é melodioso, mesmo que triste e sem propósito. Me compadeci dele e de sua beleza desperdiçada. Meditei no que ele tentou transmitir, lhe sorri compadecida, tentando imaginar como seria se fosse completo, se tivesse sentido. Seu rosto era o da mais perfeita fineza, mas seu coração era hostilizado e, por isso, mal. O hai-kai partido fez parte do hanami ao qual compareci. Embora ele chamasse muita atenção, tudo apenas aconteceu por causa da cerejeira mais bonita do jardim. Nesse festival vi tudo florido, lindo e rosa em glória, e logo em seguida vi tudo murchar.
Durante duas horas desfrutei a beleza e suavidade gentil da efemeridade profunda do coração de uma mulher em meio ao exotismo interessante de um estrangeiro distante, mas cenário de temas universais. A cinderela gueixa, Sayuri, teve seu final agridoce, porque afinal, a felicidade não é feita só de flores.

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Texto do dia
"Andarão atrás de Jeová." - Osé. 11:10

4 comentários:

Rodrigo disse...

Monique, mais uma vez você me surpreende. Seus textos me fazem pensar tanto. A forma natural como você escreve, a forma como flui pensamentos tão bonitos. Continue assim ok?
O.k, é claro que esse não sou eu. É que todo mundo que comenta aqui deixa algo desse tipo. Só queria ser popular... xD.
Confesso que não entendi muito do texto não. Mas para ser honesto continuo achando muito básico. Sempre um estudo do ser humano. Comece a ser mais ousada, criar idéias diferentes, seja incoerente. Escreva algo que ache absurdo defendendo o lado que te desagrada, arrisque um mundo novo, algo que você não conheça. Você tem talento mais precisa sair desse mundo. Eu aprecio ele tanto quando você, mas permanecer nele acaba sempre levando ao nada.
Enfim, eu sei que um dia, com tantos comentários como esse, você não vai mais pedir pra mim comentar aqui. =P
Mas até lá estarei aqui enchendo o saco. xD
That's All Folks...
Fui...

Melina disse...

Vc está se referindo ao filme, "MEMÓRIAS DE UMA GUEIXA" ???
Nossa o filme é lindo!!!
Me comovi bastante com ele quando o assisti a acho que ele apesar de se passar com uma oriental descreve bem o que as vezes sintimos mas não podemos deixar transparecer!!! E como isso dói, mas com o passar do tempo torna-se uma dor tão trivial que passamos a desconsidera-lá, já quase não a sentimos....
Lindo a sua sensibilidade!!!!!
Bjos............

Gabriela Lisboa Borges disse...

Uau!!!
Que texto hein...
Monique, você está esperando o que mesmo pra começar a escrever um livro?!?

Parabéns, você mais uma vez conseguiu me fazer viajar enquanto lia, esse é o objetivo da leitura na minha opinião, você tem que se envolver com o que lê, só dessa forma se torna real!!!
De novo: Parabéns!!!!

Beijos!!!
E obrigada por comentar no meu blog!

Ah, começa a escrever seu livro logo, tah? ;)

Anônimo disse...

Hum, novamente lá vou eu pra decifrar o main point do texto antes do fim (e esse urge em montar o quebra-cabeça antes do fim é um pouco de preguiça de vltar e ler tudo de novo, eu confesso~ >u<)
Mas dessa vez foi fácil, por que eu também senti e vi o mesmo com Memórias de uma Gueixa... Mas eu sempre me refiro a personagem principal como Chiyo, sabe~ >u<''
No início, pensei que você tinha ido a uma exposição de hai kais num museu ou visto uma cerejeira pessoalmente... aí eu fiquei "O_O Sugoii sugoii~ >u<"
Mas ver tudo isso através de um filme não tira o mérito da coisa não! >u<

Ah, e não pense que o meu "ahh, eu quero entender rápido" é uma forma de dizer que acho o seu estilo complicado, não é nada disso! o.o
É que eu estou um pouco preguiçosa hoje... na próxima eu vou ser profunda também! *>*

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